sábado, 24 de janeiro de 2009

Preciosidades na web

A Biblioteca Digital de Obras Raras e Especiais da Universidade de São Paulo (USP) acaba de disponibilizar, para consulta livre na internet, algumas das principais obras do acervo da universidade, que inclui livros anteriores à sua fundação.

A iniciativa, mantida pelo Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP, tem o objetivo de colocar preciosidades, algumas dos séculos 15 e 16, à disposição de um público mais amplo sem, por outro lado, danificá-las pelo manuseio.

Trata-se ainda, segundo os organizadores, de ampliar e democratizar o acesso, fazendo com que o pesquisador não tenha que se deslocar nem marcar a consulta para conhecer as publicações, atendendo ainda àqueles que, por curiosidade intelectual, também buscam esse tipo de material.

Desde o fim da década de 1980, preocupado com a preservação desse material, o SIBi já desenvolvia projetos, alguns deles com apoio da FAPESP, para identificar e tratar tecnicamente as obras, ou seja, catalogá-las e conservá-las.

Para a Biblioteca Digital de Obras Raras e Especiais, inicialmente foram selecionados 38 livros em várias áreas do conhecimento, obedecendo aos critérios de antiguidade, valor histórico e inexistência de novas impressões ou edições do título.

Alguns livros foram digitalizados integralmente e estão disponíveis para consulta ou impressão para uso não comercial, enquanto outros tiveram apenas suas capas digitalizadas.

Entre os títulos está o Liber Chronicarum, uma história do mundo escrita em 1493, ricamente ilustrada e colorida à mão, com texto em gótico e notas manuscritas, além de Ordenações de Dom Manuel, de 1539, livro que traz em sua primeira folha uma xilogravura representando as armas portuguesas.

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Fonte: Pesquisa Fapesp

Mais de 25 mil teses digitais

Do total de teses defendidas na Universidade Estadual de Campinas, cerca de 85% (ou 25.220) já foram digitalizadas e integradas no Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU). A previsão é que a digitalização de todo o conteúdo seja concluída neste primeiro semestre.

Segundo o diretor da Biblioteca Central Cesar Lattes, Luiz Atílio Vicentini, faltam cerca de 5 mil teses para serem inseridas, anteriores a 2005, quando passaram a ser recebidas em arquivo eletrônico pela internet. No período de férias, 600 teses foram digitalizadas, tarefa cumprida por sete bolsistas e coordenado pelas bibliotecárias Regina Vicentini e Daniele Thiago Ferreira.

O projeto de digitalização iniciou em 2001, tornando em pouco tempo a Unicamp a instituição com o maior conteúdo de acesso público na América Latina. O Instituto de Física Gleb Wataghin foi a primeira unidade a ter 100% de suas teses digitalizadas. Outras unidades que chegaram à totalidade foram o Instituto de Química, o Instituto de Biologia, a Faculdade de Educação, a Faculdade de Engenharia Agrícola e o Instituto de Geociências.

De acordo com Vicentini, depois que as teses estiverem totalmente digitalizadas, dois desafios deverão ser perseguidos. Primeiro, será promover uma revisão do software em uso. Segundo, trabalhar com a possibilidade de incluir outros documentos.

A maioria das universidades brasileiras tem algum tipo de projeto para teses digitalizadas, porém o que permitiu à Unicamp se destacar foi a dinâmica que procurou imprimiu a essa atividade, além do compromisso de ver o trabalho sendo executado.

“Uma iniciativa do SBU agora será divulgar quem são as pessoas que realizam os downloads, os seus endereços eletrônicos e de onde são. Em uma próxima etapa serão mostrados gráficos sobre a utilização desse serviço e o número de downloads de todas as teses, bem como dos países que as acessaram”, explicou Vicentini.

As teses digitais da Unicamp tiveram 6,5 milhões de visitas em 2008, com aumento de 85% em relação ao ano anterior. Desde 2004, foram 14,4 milhões de visitas, com 3,4 milhões de downloads.

Biblioteca Digital da Unicamp

Fonte: Agência FAPESP

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Unifesp lança Biblioteca Virtual

A Biblioteca Virtual da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), criada nos mesmos moldes da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme), já está disponível para acesso livre.

Em comemoração aos 75 anos da Unifesp, a iniciativa tem o objetivo de fortalecer e ampliar a visibilidade da universidade com a publicação na internet de trabalhos científicos de seus cinco campi, indexados nas principais fontes de informação científicas nacionais e internacionais, entre as quais SciELO (Bireme/FAPESP), Lilacs, Biblioteca Cochrane e Medline.

Além da produção da instituição publicada dentro e fora do país, os interessados têm acesso ao diretório dos pesquisadores, anúncio de eventos científicos e acesso às teses e dissertações defendidas e registradas pela Biblioteca Central da instituição, além de conferir fatos importantes que marcaram a trajetória da instituição.

O portal tem uma linha do tempo registrando os principais acontecimentos históricos e um espaço de colaboração on-line, que promove o intercâmbio de conhecimentos com a publicação de notícias, registro de opiniões e promoção de discussões por meio de fóruns que permitem a interação entre alunos, professores e pesquisadores.

O desenvolvimento da Biblioteca Virtual da Unifesp é assistido por um comitê consultivo, formado por professores de todos os campi da universidade. O comitê é responsável pela qualidade da biblioteca e pela aplicação de critérios de seleção de conteúdos, linhas de ação prioritárias, discussão e aprovação de projetos, assim como avaliação do seu crescimento, uso e impacto.

Segundo os responsáveis, a biblioteca contará com avaliações constantes por meio de indicadores on-line sobre os acessos realizados, as fontes mais consultadas, os volumes de dados registrados e a opinião dos usuários.

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Fonte: Fapesp

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Blogs educativos

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O uso em sala de aula de blogs, páginas na internet com comentários sobre assuntos diversos ou relatos pessoais, favorece a prática da produção textual e contribui para exercitar nos estudantes o poder de argumentação, além de propiciar a leitura de uma maior diversidade de textos e gerar debates e comentários mediados pela prática da escrita.

Essa é a principal conclusão da dissertação de mestrado apresentada por Cláudia Rodrigues no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A pesquisa teve o objetivo de estudar a viabilidade da utilização de blogs nas aulas de língua portuguesa e no ambiente escolar. “O estudo ressaltou a necessidade de os professores encontrarem caminhos para explorar o letramento digital em sala de aula”, disse Cláudia, que também é professora de redação do ensino médio, à Agência FAPESP.

Para verificar a validade em utilizar blogs para o ensino de escrita, o estudo, orientado pela professora Denise Bértoli Braga, do Departamento de Lingüística Aplicada do IEL, envolveu a produção de 20 blogs por cerca de 240 alunos durante as aulas de produção textual ministradas em quatro turmas de uma escola de ensino básico.

Os alunos produziram os blogs e, em seguida, foram promovidas discussões sobre assuntos diversos que tiveram início em sala de aula e prosseguiram no ambiente digital.

“Nas aulas de redação normalmente há debates sobre determinado tema para preparar o aluno para a escrita. Os blogs tiveram a intenção de continuar e transferir essa discussão para o ambiente virtual”, explicou Cláudia.

Segundo ela, além de serem colocados em contato com diversas opiniões, podendo exercitar a prática da argumentação, os alunos, por conta própria, envolveram professores de outras disciplinas da escola para a coleta de informações que deram origem aos textos publicados nos blogs.

“O interesse pela leitura e pela escrita aumentou quantitativa e qualitativamente em proporção às aulas tradicionais. Dos 20 blogs publicados por quatro turmas, quatro tiveram destaque e foram considerados de elevado êxito na proposta”, afirmou Cláudia, destacando que as discussões tiveram maior alcance do ponto de vista temático e também foram estendidas para outros ambientes fora da sala de aula.

“Foi nítida a inquietação na sala de aula em relação às pesquisas e busca de dados para os textos. Também foi freqüente a solicitação, por parte dos alunos, da leitura dos textos por seus colegas de classe antes de sua publicação. A maior parte dos estudantes buscou ainda outras fontes de informação além do professor para chegar às conclusões sobre os assuntos abordados”, disse.

Domínio da tecnologia

Para ela, o fato de envolver a escola em um ambiente tecnológico que já era de domínio dos adolescentes permitiu um alto nível de identificação com a proposta. “Os blogs construídos pelos alunos mostram a familiaridade deles com construções hipertextuais e com integração de linguagens, além de o conteúdo disponibilizado para os leitores virtuais incluir links para outros textos”, disse.

“Os alunos se preocuparam mais com a qualidade da escrita e com o desenvolvimento do discurso, uma vez que o professor não é mais o único leitor de seus textos. O blog é público”, contou.

A pesquisa sugere que os blogs podem ser utilizados pelos professores de diferentes formas, dependendo da criatividade dos docentes e do casamento de suas intenções pedagógicas com os interesses dos alunos.

“Os blogs podem otimizar o trabalho do professor por ser um espaço dinâmico para, entre outras coisas, a argumentação, a leitura, o questionamento e a crítica. O blog favorece a participação coletiva, formando autores, co-autores e leitores assíduos”, disse a professora.

Segundo Cláudia, que sugere a inserção dos blogs nas aulas de produção textual, o uso desse tipo de tecnologia na escola tem sido quase que inevitável. Por outro lado, o uso dessas “páginas digitais” demanda mudanças sensíveis no perfil do professor.

“O professor passa a ser mais um orientador e, embora possa avaliar e dar nota ao blog, na prática ele deixa de ser o leitor alvo dos textos. O blog deve ser visto como mais uma ferramenta à disposição dos docentes, somado ao livro didático e a outras atividades de suporte”, disse.

Para ela, as instituições de ensino têm percebido a importância da tecnologia no contexto escolar, mas pouco se sabe sobre práticas eficientes que utilizam a tecnologia em sala de aula. “Embora os professores do ensino básico defendam e reconheçam a importância dessa tecnologia para o processo de ensino e aprendizagem, por vezes não sabem lidar com ela na prática docente”, apontou.

O estudo indicou ainda que, apesar de ser um dos grandes entraves para as propostas pedagógicas na internet, a linguagem própria do mundo virtual, uma espécie de dialeto que os jovens utilizam para expressar suas opiniões, não impediu que os jovens pudessem aprender a língua portuguesa corretamente.

“A língua portuguesa é rica e múltipla, e o blog, um espaço para discussão, leitura e escrita. Ambos são sociáveis e podem sofrer uma fusão para alcançar o objetivo de desenvolver capacidades como independência e autonomia, além de favorecer a capacidade argumentativa, já que os autores do blog precisam envolver e convencer outras pessoas sobre seus pontos de vista”, disse Cláudia.

Na pesquisa, a produção textual dos alunos não se enquadrou na linguagem conhecida como “internetês”, carregada de abreviações e gírias criadas pelos próprios adolescentes.

“Hoje existem diversos gêneros de blogs que envolvem vários tipos de linguagens. O blog educacional tem um perfil diferenciado comparado aos blogs de entrenimento. Antes de qualquer proposta pedagógica, o professor deve sinalizar a seus alunos a riqueza da língua portuguesa e suas múltiplas variações e condições de produção”, disse.

Fonte: Agência FAPESP