sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ciberantropologia. O estudo das comunidades virtuais

Por: Adelina Maria Pereira da Silva

Cada vez mais se verifica a informatização da sociedade. Basta observar com atenção a publicidade exterior para constatar, que a maioria, apresenta um endereço relacionado com sites, na Internet. Esta informatização envolve transformações culturais, que, a pouco e pouco, se vão manifestando no comportamento dos indivíduos.

A cultura, normalmente, é tida como um padrão de desenvolvimento, que se reflecte nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais quotidianos.

A Antropologia serve de base para o estudo da cultura de uma organização ou comunidade. O antropólogo deve ter um elevado grau de relativismo cultural, de modo a conseguir neutralizar eventuais distorções provocadas pelo seu contexto cultural de origem. A experiência da alteridade leva a perceber a própria cultura e a cultura do outro, através do reconhecimento de que ela nada tem de natural, é sim essencialmente formada de construções sociais.

A cultura pode ser entendida como um sistema simbólico, tal como a arte, o mito, a linguagem, na sua qualidade de instrumento de comunicação entre pessoas e grupos sociais, que permite a elaboração de um conhecimento consensual sobre o significado do mundo.

Segundo Levy (1998), o ciberespaço representa um estágio avançado de auto-organização social, ainda que em desenvolvimento - a inteligência colectiva - . O Ciberespaço aparece como um Espaço do Saber, em que o conhecimento é o factor determinante e a produção contínua de subjectividade é a principal actividade económica. O ciberespaço surge, assim, como o quarto espaço antropológico: o primeiro, a terra; o segundo, o território; o terceiro, o mercado; o ciberespaço, o último.

Ciberespaço / Cibercultura

Levy define ciberespaço e cibercultura da seguinte maneira: por ciberespaço entende que é um novo meio de comunicação que surgiu da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura mundial da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo "cibercultura", especifica o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. É precisamente neste ciberespaço que se criam comunidades virtuais, componentes da cibercultura. Formam-se a partir de interesses comuns entre pessoas e organizações e têm várias formas de expressão, dentre as quais se vulgarizaram as salas de chat.

As redes telemáticas, nas quais se inclui a Internet, mais do que um meio de comunicação, afiguram-se um espaço de sociabilidade, no interior do qual se desenvolvem práticas sociais, culturalmente determinadas e relativamente autónomas.

A virtualidade, via de regra, é associada a uma "não-realidade", concepção que não é das mais adequadas para se pensar o Ciberespaço. Vários pensadores argumentam que o virtual não se opõe ao real, mas sim que o complementa e transforma, ao subverter as limitações espaço-temporais que este apresenta. Desta forma, o virtual não é o oposto do real, mas sim uma esfera singular da própria realidade, onde as categorias de espaço e tempo estam submetidas a um regime diferenciado. Esta forma de conceber o virtual ( o ``real virtual'') é fundamental para se tratar de uma das dicotomias problemáticas dentro do campo da Cibercultura - a oposição entre o on-line e o off-line.

A partir destas considerações, o termo "Ciberespaço" pode ser definido como o locus virtual criado pela conjunção das diferentes tecnologias de telecomunicação e telemática, em especial, mas não exclusivamente, as suportadas por computador. Contudo, a Internet, não é a única instância de Comunicação Mediada por Computador (CMC), e por extensão, de suporte ao Ciberespaço.

O Ciberespaço, assim definido, configura-se como um locus de extrema complexidade e difícil compreensão. A sua heterogeneidade é notória quando se percebe o grande número de ambientes de sociabilidade existentes, no interior dos quais se estabelecem as mais diversas e variadas formas de interacção, tanto entre Homens, quanto entre Homens e máquinas e, inclusive, entre máquinas.

Assim, o conceito de Cibercultura abarca o conjunto de fenómenos sócio-culturais que ocorrem no interior deste espaço ou que estão a ele relacionados. Escobar (1994), percorrendo um caminho inverso chega ao Ciberespaço através da noção de Cibercultura. Segundo afirma, engloba uma série de manifestações contemporâneas, não apenas as relacionadas com as CMC's, mas também as referentes ao relacionamento do homem com a tecnologia e, em especial, a biotecnologia acrescentando a noção de tecno-socialidade.

Em qualquer caso, a compreensão do Ciberespaço pressupõe que este não seja observado como um objecto no sentido estrito do termo, mas sim como um espaço frequentado por personas que constituem localidades e territorialidades. MacKinnon (1995) utiliza o conceito de persona, para designar as identidades construídas pelas pessoas no interior do ciberespaço.

Ciberantropologia

Considerado um espaço frequentado por personas, a observação antropo- analítica volta-se para a compreensão das peculiaridades dos grupos que se constituem no seu interior. A análise poderá ser conduzida a dois níveis: interno e externo.

O interno considera o Ciberespaço como um "nível" de realidade substancialmente específico e diverso dos restantes, dentro do qual se desenvolvem fenómenos peculiares, que devem ser abordados com um referencial teórico adequadamente desenvolvido ou adaptado.

O externo considera-o como mais um aspecto da cultura contemporânea estando nela inserido e confrontando a reflexão antro-pológica com o mesmo tipo de problemas.

Assim, a abordagem externa efectua a Antropologia do Ciberespaço considerando-a como mais um aspecto de outras realidades, enquanto que a abordagem interna tenta estabelecer uma Antropo-logia no Ciberespaço, uma Ciberantropologia.

De qualquer modo, a pesquisa etnográfica em ambientes de sociabilidade virtual poderá contribuir para o enriquecimento da reflexão sobre as sociedades complexas, visto que o Ciberespaço pode ser compreendido como uma das esferas constituintes da mesma. O Ciberespaço oferece um cenário, se não equivalente, pelo menos bastante semelhante ao das sociedades complexas, de cuja reflexão, no campo da Antropologia, já resultou um referencial teórico bastante desenvolvido. Ao debruçar-se sobre as cidades e sobre o mundo ocidental, a Antropologia apercebeu-se de um impasse: como estranhar um "outro" que está aparentemente tão próximo?

Para Levy (1994), o espaço da rede suporta uma realidade social, constituída por um conjunto de actividades coordenadas e construída por diversos interlocutores dispersos pelo espaço físico. Ou seja, caracteriza-se pela multiplicidade dos sujeitos envolvidos, pela coordenação que existe entre eles e, sobretudo, pela convergência de actividades no sentido de alcançar um sentido comum.

Para que um sistema possa ser usado como ferramenta de comunicação, no ciberespaço, deve:

* ser de fácil acesso;

* ser fácil de utilizar;

* ser capaz de filtrar e seleccionar informação relevante;

* permitir o processamento de informação em tempo real (on-line).

Vive-se a Era Digital, marcada pela revolução tecnológica que está a mudar as formas de pensamento, os costumes e os hábitos. A evolução das redes e a utilização cada vez maior da Comunicação Mediada por Computador (CMC), no dia-a-dia, está a fazer com que a sociedade readeque os hábitos dos indivíduos tendo em conta, por um lado, a expansão quantitativa da informação, e por outro, a distribuição da mesma. Caminha-se para o que hoje se chama de sociedade de informação ou auto-estradas da informação. A está em vias de se tornar um fenómeno de massas, uma vez que toda a economia, cultura, saber, etc. passam por um processo de negociação, distorção, apropriação do ciberespaço - nova dimensão espaço-temporal - (Lemos, s/d).

Na perspectiva da Antropologia, a dimensão simbólica da cultura é concebida como capaz de integrar todos os aspectos da prática social. Os antropólogos tenderam sempre a conceber os padrões culturais não como um molde que produziria condutas estritamente idênticas, mas antes como regras de um jogo, isto é, uma estrutura que permite atribuir significado a certas acções e em função da qual se jogam infinitas partidas (Durhan, cit. in Fleury, 1987).

No estudo de um cultura, existem três perspectivas a ter um atenção:

* Cognitivista - a cultura é definida como um sistema de conhecimento e crenças compartilhados; é importante determinar quais as regras existentes numa determinada cultura e como os seus membros vêem o mundo;

* Estruturalista - a cultura constitui-se de signos e símbolos. É convencional, arbitrária e estruturada, constitutiva da acção social sendo, portanto, indissociável desta;

* Simbólica - define cultura como um sistema de símbolos e significados partilhados que necessita de ser decifrado e interpretado; as pessoas procuram decifrar a organização, tendo em vista adequar o próprio comportamento.

Para além da perspectiva de análise, a cultura de uma comunidade pode ser apreendida a vários níveis:

* A nível dos artefactos visíveis - ambiente, arquitectura, pa-drões de comportamento visíveis, por exemplo -;

* A nível dos valores que ditam o comportamento das pessoas - valores que regem o comportamento das pessoas, por vezes, idealizações ou racionalizações -;

* A nível dos pressupostos inconscientes - aquilo que os membros do grupo percebem, pensam e sentem -.

Para criar e manter a cultura, a rede de concepções, normas e valores têm de ser afirmados e comunicados aos membros da comunidade de uma forma tangível, tal como são as formas culturais, ou seja, os ritos, rituais, mitos, histórias, gestos e artefactos.

O rito, em especial, configura-se como uma categoria analítica privilegiada para desvendar a cultura de uma comunidade. As pessoas expressam os símbolos rituais através de diversos fenómenos - gestos, linguagem, comportamentos ritualizados, que podem ser classificados em diversas taxonomias, por exemplo:

* Ritos de passagem;

* Ritos de degradação;

* Ritos de confirmação;

* Ritos de reprodução;

* Ritos para redução de conflitos;

* Ritos de integração.

Assim, os ritos são facilmente identificáveis, porém de difícil interpretação.

As comunidades virtuais são agregações sociais que emergem da Rede quando existe um número suficiente de pessoas, em discussões suficientemente longas, com suficientes emoções humanas, para formar teias de relações pessoais em ambientes virtuais, alterando de algum modo o EU dos que nele participam (Rheingold, 1994)

A existência de uma comunidade virtual depende de três factores: computador, linha telefónica (ou cabo) e software.

A tradicional comunicação em suporte papel e fala natural, há muito foi mediada pela electrónica: primeiro através do telex, telefone e fax; mais recentemente através do e-mail ou mesmo através do chat, que permitem a comunicação simultânea e dialogante on-line.

O termo comunidade virtual sugere aparentemente uma comunidade que só existe no ciberespaço. De qualquer modo, implica uma nova forma de ligação que passa a existir no meio de, ou entre, comunidades no espaço geossocial real, ligando-as e estendendo-as, trazendo mesmo comunidades reais para o seu contacto. Nesse sentido, a Net representa uma analogia do mundo, ou seja, é um lugar onde se constrói um espaço topográfico (interface), com lugares (sites) e os caminhos (path) que irão ser percorridos, até se chegar ao destino.

Ribeiro (s/d) defende que na internet os utilizadores quando interagem, criam um mundo paralelo, on-line, transportando-se para outros locais.

Real ou virtual, não há dúvida queos utilizadores interagem no ciberespaço. Mais do que informações e mensagens, circulam na Net actos de linguagem que colocam em jogo a interacção, a negociação entre actores sociais (Aranha, s/d).

Os discursos no ciberespaço sugerem que se pode caminhar para fora do EU numa extensão tal que pode mesmo recriar-se do EU, conferindo-lhe uma identidade virtual, em que o ciberespaço constitui a metáfora da pessoa - o utilizador é levado a reinscrever a sua identidade, que pouco tem a ver com a sua voz, aparência física ou mesmo personalidade.

É a essa construção de identidade do EU que antes se deu o nome de persona. A persona que aparece no ciberespaço é, potencialmente, muito mais do que um mero reflexo do EU real.

O conceito de sociabilidade ampliou-se ao permitir que os mais tímidos, que mal ousam sair de casa, se relacionem com desconhecidos, quantas vezes através de personalidades fictícias criadas para o efeito, através de uma ciberexistência. Ao constituir-se como espaço de sociabilidade, o ciberespaço gera novas formas de relações sociais, com códigos por vezes conhecidos, mas adaptados ao espaço e tempo virtuais e às possibilidades de construção de novas identidades. Cabe à Antropologia o estudo desses códigos, no sentido de identificar as representações sociais que transmitem.

Para além disso, há também a questão da oralidade. Verifica-se um retorno à oralidade, uma vez que o modo como a comunicação se processa na Internet (ex. nas salas de Chat), escrevendo como se fala, está muito próximo dessa mesma oralidade, embora pertencente ao domínio da escrita. Contudo, a Internet vai muito mais além da mera oralidade, combinando texto, sons e imagens.

Por essa razão, a internet está a mudar a comunicação humana. Nela encontramos verdadeiros pontos de encontro on-line, que têm contribuido para a formação de comunidades virtuais.

Comunidades Virtuais - as salas de Chat

Mas o que é comunidade?

Comunidade é um conjunto de pessoas numa determinada área, normalmente geográfica, com uma estrutura social (existe algum tipo de relacionamente entre os indivíduos), podendo existir um espírito compartilhado entre os seus membrose um sentimento de pertença ao grupo.

Uma comunidadeterá de apresentar as seguintes características (Ávila, 1975):

* uma certa continuidade espacial, que permita contactos directos entre os seus membros;

* a consciência da existência de interesses comuns, que permitem aos seus membros atingirem objectivos que não seriam alcançados individualmente;

* a participação numa obra, que sendo a realização desses objectivos é também uma força de coesão interna da comunidade.

O conjunto de pessoas que se reune e interage através de uma sala de chat experimenta circunstâncias idênticas às acima descritas, com uma diferença: o local é o ciberespaço.

Fernback e Thompson (s/d) definem comunidades virtuais co-mo sendo aquelas em que as relações sociais que se estabelecem ocorrem no ciberespaço através de um contacto repetido num local específico, simbolicamente limitado por um tópico de interesse (por exemplo, uma sala de chat).

Rheingold (1994), por seu lado, define-as como agregações sociais que emergem na Internet quando um número de pessoas conduz discussões públicas por um tempo determinado, com suficiente emoção, e que forma teias de relações pessoais no ciberespaço.

Lemos (s/d), defende que o ciberespaço não é uma entidade puramente cibernética, e o interesse antropológico do ciberespaço reside justamente no vitalismo social, nomeadamente dos chats. Afirma que o ciberespaço não está desligado da realidade. É um espaço intermédio. Nele todos são actores, autores e agentes de interacção.

Uma vez que as salas de chat, estão dividas por temas (#portugal; #porto;#30-40; etc), as comunidades virtuais, construidas à volta de interesses e não de proximidades físicas, sugerem a formação de ``subúrbios virtuais''. Os utilizados destes serviços ligam-se às salas de Chat, pelos títulos (assuntos) que lhes dizem alguma coisa. É nesse convívio que desenvolvem as suas personas, que desenvolvem um senso comunitário e que fazem ou desfazem amizades. Criam-se laços estruturais que unem os participantes.

As comunidades virtuais respondem às necessidades sociais das pessoas. E baseiam-se na proximidade intelectual e emocional (Rheingold, cit. in FernBack e Thompson, 1995).

Um problema que se coloca é o da natureza das relações on-line. Uma comunidade não é apenas constituida de interesses compartilhados e interacções cívicas humanas. Há também conflito e contradição.

Ao contrário das comunidades geográficas, as ciber-comuni-dades podem ser efêmeras. Um participante num canal de chat só faz parte da comunidade quando se ligar a ela. Assim, que deixa o canal, deixa também de pertencer àquela comunidade virtual.

Há também a questão do nome (nick): numa comunidade virtual um indivíduo pode simular que deixou de fazer parte da comunidade simplesmente mudando de nick, sem o comunicar a mudança. Virtualmente transformou-se noutro indivíduo, mas continua a fazer parte da mesma comunidade. Numa comunidade geográfica isto não seria possível de acontecer.

O Chat é um serviço síncrono através do qual dezenas de pessoas comunicam ao mesmo tempo, num ou em diversos canais, devidamente identificados. Através dele o indivíduo pode conversar simultaneamente com diversas pessoas e acompanhar a conversa de outros. Cada frase da conversa vem antecedida do nome do utilizador. Ao mesmo tempo vai-se recebendo informação sobre quem entra ou sai do canal. Existe também a possibilidade de conversar em privado com determinado utilizador.

Ao entrar uma sala de chat o utilizador é obrigado a escolher um nick (um apelido), pelo qual será identificado em todas as suas mensagens. A escolha do nick é fundamental, pois será como o seu ``cartão de visita'', a sua máscara. Através do nick, outro qualquer utilizador poderá identificar os interesses da pessoa com quem poderá manter uma conversa.

Na Internet existe sempre um grande número de salas de chat, cujos nomes e assuntos são muito diversos. Cada pessoa pode escolher a sala ou o assunto sobre que quer falar ou, então, criar a sua própria sala.

Os indivíduos que utilizam os canais IRC (Internet Relay Chat) apresentam determinados traços comuns: são normalmente pessoas com interesse pelo mesmo tema e com um nível sócio-econó-mico equivalente. Porém, outros traços são bastantes heterogéneos, nomeadamente ao nível de culturas (diferentes países) quer ao nível cognitivo, pelo que existe um elevado grau de interajuda na superação de algumas dificuldades: língua, linguagem utilizada (acrónimos e ``emoticons''), registo de nick, etc.

Constata-se, contudo, que existem diferenças importantes entre a comunicação mediada por computador (CMC) e a convencional:

* falta de feedback regulador - os indivíduos comportam-se de maneira mais espontânea, mesmo com estranhos, já que não existem limitações contextuais como o aspecto físico ou o status social -;

* apresentação anónima - qualquer indivíduo apresenta-se co-mo quiser, criando uma nova identidade -;

* fraqueza dramatúrgica - quase inexistência de informações não-verbais -;

* desconhecimento do status social - completo desconhecimento de quem é o OUTRO, até que este o divulgue -.

Quer a fraqueza dramatúrgica quer o desconhecimento do status social motivam a construção de um novo universo simbólico que, no caso dos canais de Chat, impulsiona a criação de novas culturas e comunidades.

É possível definir três pilares psicossociais da comunicação pessoa-pessoa através do ciberespaço (Riva & Galimberti, cit. in Cunha, s/d):

1) a realidade construída na rede;

2) a conversação virtual;

3) a construção da identidade.

O espaço das interacções sociais não pode ser descrito apenas em termos físicos. Os espaços construídos com base na realidade virtual caracterizam-se por níveis de simulação cada vez maiores: é a co-presença de discursos, mais do que a co-presença física de interlocutores que determina a construção das capacidades cognitivas e a performance.

Além disso, a realidade virtual é um espaço em que:

* cada interlocutor continua a poder influenciar a acção do(s) outro(s);

* os interlocutores continuam a poder regular a comunicação através de feedback de informação.

Por tudo isto, a Internet oferece um campo de liberdade para o indivíduo exprimir a sua identidade. No contexto do ciberespaço, o indivíduo pode decidir:

* interagir com os outros tal como é;

* seleccionar apenas aspectos particulares da sua identidade, e eventualmente acrescentar outros aspectos ``inventados'';

* adoptar uma identidade completamente diferente da sua identidade real;

* optar por manter-se anónimo, como observador passivo e invisível.

A rede surge, então, como um espaço verdadeiramente democrá-tico, em que todos têm igualdade de oportunidades, independentemente de questões de género, saúde, estatuto, etnia, etc.

A influência de uns sobre os outros está apenas limitada pela capacidade de comunicação, que depende não só da habilidade verbal, como também dos conhecimentos técnicos obtidos.

A própria metáfora espacial que se usa para caracterizar a Internet como um ciberespaço, remete para o facto de o próprio conceito de espacialidade ser modificado por este meio: as pessoas podem interagir durante dias, semanas ou anos (através do chat, por exemplo), independentemente das mudanças geográficas que tenham lugar. A comunidade está onde a pessoa estiver. É um excelente suporte, dentro daqueles que estão actualmente disponíveis, para manter o contacto social com pessoas distantes.

Em qualquer comunidade há regras de conduta, que variam de cultura para cultura. Também nas comunidades virtuais há regras de conduta, que surgiram de uma maneira espontanea, que deverão ser respeitadas. É o que vulgarmente de chama de Netiqueta.

Netiqueta é a forma aportuguesada do termo inglês "netiquette", que significa "etiqueta (bons modos) na Internet". A Netiqueta é um conjunto de regras não-oficiais, passadas de boca em boca e site em site que tenta estabelecer um padrão de comportamento considerável "desejável" pelos utilizadores e para os utilizadores. As regras da netiqueta visam tornar a Internet um lugar menos caótico e mais sadio, ensinando as pessoas que certas atitudes aparentemente inofensivas podem aborrecer, atrapalhar ou agredir outros usuários, devendo ser evitadas. O usuário que desrespeita a netiqueta, propositalmente ou não, prejudica também a si mesmo, porque é "deixado de lado" pelos outros utilizadores. A Netiqueta pode variar ligeiramente de acordo com o tipo de comunicação que está a ser utilizado (por exemplo: canais chat, grupos de discussão, e-mail). Alguns dos exemplos de netiqueta são: não falar palavrões, não fazer flood2, não gritar, não fazer propaganda de qualquer espécie, entre outras coisas. Se alguém quebrar uma dessas regras, a pessoa é kickada3 do canal, ou então pode ser banida4.

Conclusão

Em suma, ao criar um meio de circulação de informações, a rede possibilitou um multiplicidade de formas de comunicação e de criação de sociabilidades através do CMC. Criou-se um novo espaço, virtual, a que se deu o nome de ciberespaço. Nele materiali-zam-se relações sociais e valores, que vulgarmente se chama de cibercultura.

A cibercultura tem possibilitado mudanças nas relações do homem com a tecnologia e entre si, gerando novas formas de sociabilidade. Estas novas formas de sociabilidade estão condicionadas pelo aparecimento de novas identidades sociais.

Os utilizadores do chat mantém um senso de comunidade e linguagem partilhada. Reconhecem o seu universo simbólico particular que os caracteriza e os une, apresentam um senso de respeito pelas convenções do grupo, de responsabilidade pelo chat, e os que não o respeitam são marginalizados.

A Internet desenvolve novas possibilidades de comunicação, expressão cultural e de sociabilidade.

Estas novas formas de sociabilidade podem ser enquadradas no quadro de uma Ciberantropologia.

O objectivo da Ciberantropologia será o estudo das novas formas de sociabilidade que são estabelecidas na Internet através de outros elementos de identidade que não a voz, a aparência física ou a escrita, destacando outros códigos e relações sociais experimentados pelos utilizadores desse espaço e a sua relação com os interfaces.

A Internet é simultaneamente real e virtual (representacional), informação e contexto de interacção, espaço (site) e tempo, mas que altera as próprias coordenadas espacio-temporais a que estamos habituados, compactando-as, ou seja, o espaço e o tempo na rede existem na medida em que são construção social partilhada. Esta construção é estruturada pelos laços e valores socio-políticos, estéticos e éticos que tipificam este novo espaço antropológico.

Este novo espaço com áreas de privacidade - um novo mundo virtual ou mundo mediatizado - é um suporte aos processos cognitivos, sociais e afectivos, os quais efectuam a transmutação da rede de tecnologia electrónica e telecomunicações em espaço social povoado por seres que (re)constroem as suas identidades e os seus laços sociais nesse novo contexto comunicacional. Geram uma teia de novas sociabilidades que suscitam novos valores. Estes novos valores, por sua vez, reforçam as novas sociabilidades. Esta dialéctica é geradora de novas práticas culturais.

Trata-se de um novo tipo de organização socio-técnica que facilita a mobilidade no e do conhecimento, as trocas de saberes, a construção colectiva do sentido, em que a identidade sofre uma expansão do eu baseada na diluição da corporeidade, ou seja, o que se perde em corpo ganha-se em rapidez e capacidade de disseminar o eu no espaço-tempo. Assiste-se, assim, a uma aceleração do metabolismo social. Geram-se as chamadas comunidades virtuais.

As redes e serviços telemáticos geram novos espaços de encontro, novos espaços antropológicos, há que questionar em que medida esses novos espaços representacionais (re)criam as identidades e as práticas culturais.

Gera-se um espaço antropológico alternativo.

Diz Rheingold (1996:43): ``Talvez o ciberespaço seja um dos lugares públicos informais onde possamos reconstruir os aspectos comunitários perdidos quando a mercearia da esquina se transforma em hipermercado. Ou talvez o ciberespaço seja precisamente o lugar errado onde procurar o renascimento da comunicação, oferecendo, não um instrumento para o convívio, mas um simulacro sem vida das emoções reais e do verdadeiro compromisso perante os outros. Seja qual for o caso, precisamos de descobri-lo o mais rapidamente possível''.

Bibliografia

* Aranha Filho, Jayme (s/d), Tribos Electrónicas: Usos & Costumes, http://altervex.com.br/$\sim $esocius/t-jayme.htm

* Ávila, Fernando B. (1975), Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, Fename, Brasília

* Cunha, Luís Simões, Narrativa(s) do Futuro, http://www.geocities.com/HotSprings/Resort/2564/inter.html

* Escobar, Arturo (1994), Welcome to Cyberia, Current Anthropology, vol. 35, n$^{o}$ 3

* Fernback, Jan, Thompson, Brad (s/d), Virtual Communities: Abort, Retry, Failure? http://www.well.com/user/hlr/texts/vccivil.html

* Fleury, Maria Tereza L. (1987), Estória, Mitos, Heróis - Cultura Organizacional e Relações de Trabalho, Revista de Administração de Empresas, out/dez, S. Paulo

* Guimarães, Mário José L., A Cibercultura e o Surgimento de Novas Formas de Sociabilidade, http://www.cfg.ufh.br/$\sim $guima/ciber.html

* Guimarães, Mário José L., O Ciberesapço como Cenário para as Ciências Sociais, http://www.cfh.ufsc.br/$\sim $guima/papers/ciber_cenario.html

* Lemos, André L. M. (s/d), As Estruturas Antropológicas do Cyberespaço, http://www.facom.yfba.br/pesq/cyber/lemos/estrcy1.html

* Levy, Pierre (1994), As Tecnologias da Inteligência - O Futuro do Pensamento na Era da Informática, Instituto Piaget, Lisboa

* Levy, Pierre (1998), A Inteligência Colectiva - Por uma Antropologia do Ciberespaço, Loyola, S. Paulo

* MacKinnon, Richard C., (1995), Searching for the Leviathan in Usenet, in Jones, Steven G., CyberSociety - Computer-Mediated Communication and Community, Sage, Londres

* Primo, Alex Fernando T. (1997), A Emergência das Comunidades Virtuais, http://usr.psico.ufrgs.br/$\sim $aprimo/pb/comuni.htm

* Rheingold, Howard (1994), The Virtual Community: Finding Connection in a Computerized World, Minerva, Londres

* Rheingold, Howard (1996), A Comunidade Virtual, Gradiva, Lisboa

* Rheingold, Howard (1998), The Virtual Community, http://www.rheingold.com/vc/book/

* Ribeiro, Gstavo Lins (s/d), The Condition of Transnationality: Exploring Implications for culture, Power and Language, http://www.ibase.org.br/$\sim $esocius/anais.html

* Rodrigues, Adriano (1999), Comunicação e Cultura, Editorial Presença, Lisboa


Notas de rodapé

...flood2
Repetição seguida de mensagens em pouco espaço de tempo. O Flood atrapalha o andamento do canal. Repetir 3 vezes a mesma linha é considerado flood em alguns canais.
...kickada3
Quando um dos operadores disconecta uma pessoa do canal.
...banida4
Ser disconectado do canal e ser impedido de entrar nele por alguns minutos.

Fonte: Biblioteca oline das ciências da informação

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Unicamp 100% digital

Agência FAPESP – Com o total de 30.871 teses e dissertações em sua Biblioteca Digital, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se tornou a primeira universidade brasileira a ter 100% dessa produção em formato eletrônico e com acesso livre pela internet.

Desde 2004, quem quiser baixar uma cópia dos trabalhos precisa se cadastrar, o que tem permitido um controle detalhado dos acessos.

“Até o momento foram 4,3 milhões de downloads. A maior média é da área de humanidades e artes, com 1,6 milhão de downloads e 7.705 teses, média de 217 cópias por pesquisa. A média geral, considerando todas as áreas, é de 143 downloads por tese”, disse Luiz Atílio Vicentini, coordenador da Biblioteca Central Cesar Lattes e do Sistema de Bibliotecas da Unicamp.

A Biblioteca Digital da Unicamp passou dos 20 milhões de visitas, com um grande salto ocorrido a partir de 2005, quando o acervo foi indexado ao Google. “De 1 milhão naquele ano, a quantidade de visitas foi para mais de 3 milhões em 2006; em 2008 foram 6,5 milhões de acessos e, este ano, já temos mais de 5 milhões. Registramos picos de 30 mil visitas por dia”, disse Vicentini ao portal da universidade.

De acordo com o coordenador, há mais de 800 mil usuários cadastrados. O último levantamento apontou quase 24 mil downloads por usuários de 73 países, com destaque para Espanha e Portugal.

O estudo mais acessado, intitulado O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula, foi apresentado por Regina Célia Grando na Faculdade de Educação e teve até o dia 13 de outubro 8.485 downloads e 43.784 visitas.

Mais informações

Fonte: Fapesp

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Conhecimento interligado em alta velocidade

Por Thiago Romero

Uma rede de fibras ópticas com capacidade de transmissão de 10 gigabits por segundo (Gbps) está à disposição dos pesquisadores baseados no Estado de São Paulo. Essa nova infraestrutura abre novas possibilidades de estudos colaborativos para cientistas paulistas, nas mais variadas áreas do conhecimento, além de conectá-los virtualmente à rede acadêmica mundial.

O físico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Luis Fernandez Lopez, coordenador do Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia) da FAPESP, explica que, no âmbito da rede acadêmica do Estado de São Paulo, a fundação paulista apoia dois projetos de internet: o projeto Kyatera e a rede ANSP (Academic Network at São Paulo, na sigla em inglês).

O projeto Kyatera mantém uma rede de fibras ópticas que conecta todos os laboratórios de pesquisa do Estado que precisem de acesso com mais capacidade de banda à internet e desenvolvem estudos científicos em redes.

“O Kyatera conta com links de 1 a 10 Gbps que interligam todos os laboratórios com capacidade para desenvolver pesquisas científicas de alto nível, especialmente em fotônica e aplicações em redes”, disse Lopez, que também é professor do Center for Internet Augmented Research and Assessment (Ciara) da Florida International University, nos Estados Unidos, à Agência FAPESP.

“Os links do projeto Kyatera também são utilizados por outros projetos apoiados pela FAPESP para a transferência dos mais diversos tipos de arquivos”, explica.

A elevada capacidade de banda, prossegue o pesquisador, é importante em casos que envolvam a troca de arquivos muito pesados, como imagens em alta resolução, em programas como o Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre o Cérebro (CInAPCe) e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais.

Na 10ª edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), que ocorreu no mês de julho, em São Paulo, foi realizada uma transmissão que serviu como teste prático definitivo do novo link que funciona nas redes de fibras ópticas do KyaTera com taxas de até 10 Gbps.

Na ocasião foi transmitido de São Paulo para San Diego e Tóquio um filme digital em alta definição, com streaming de vídeo de 3,5 Gbps contínuo, por mais de uma hora. No dia seguinte foi realizada ainda uma videoconferência de três pontos em full HD (alta definição) entre as três cidades.

“Trata-se de uma infraestrutura valiosa que a FAPESP disponibiliza para a comunidade acadêmica do Estado e que vem sendo cada vez mais utilizada por projetos de pesquisa, principalmente nas áreas de física de partículas de alta energia, fotônica, engenharia de redes, clima, telemedicina e neurologia”, disse.

“É importante destacar que pesquisadores de outras áreas do conhecimento, além dos físicos e astrônomos, também podem utilizar essa infraestrutura corriqueiramente”, aponta Lopez.

Rede ANSP

O outro projeto financiado pela FAPESP é a rede ANSP (Academic Network at São Paulo, na sigla em inglês), que faz o provimento do acesso da comunidade acadêmica do Estado à internet comercial e à internet acadêmica nacional e internacional, sendo que as universidades se conectam à ANSP por meio de conexões próprias para receber seus serviços.

Segundo Lopez, dentro do Estado de São Paulo, a rede ANSP interconecta hoje praticamente todas as universidades que desenvolvem algum tipo de pesquisa científica e tecnológica.

“As conexões pertencem às universidades e, portanto, variam muito em capacidade. Mas, em geral, vão de 10 megabits por segundo (Mbps) para algumas instituições privadas menores a 1 Gbps para as instituições públicas estaduais. Essas conexões são usadas principalmente para acesso à internet comercial”, explicou.

Com relação às conexões entre São Paulo e os demais Estados brasileiros, a rede ANSP mantém um acordo para a troca de tráfego com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para a internet acadêmica, cujo tráfego também é de 10 Gbps.

“Com isso, as universidades paulistas estão conectadas virtualmente a todas as universidades públicas e privadas que fazem algum tipo de pesquisa científica e tecnológica no país”, aponta Lopez.

Dados do LHC

Na América Latina, que tem baixa conectividade entre seus países e com o resto do mundo, atualmente os pesquisadores paulistas contam com um link de 155 Mbps que interliga São Paulo a Santiago do Chile para atender aos estudos com os telescópios Gemini e Soar (Southern Observatory for Astrophysical Research, na sigla em inglês), este último com apoio da FAPESP, ambos situados no norte do Chile.

“Esse link é utilizado para a transferência de arquivos e a realização de algumas tarefas por controle remoto, mas a banda ainda é muito estreita para que possam ser dados passos importantes na direção do controle remoto de todas as atividades dos telescópios. Por isso, atualmente há grandes esforços para a ampliação do link de 155 Mbps entre São Paulo e Santiago para 1,2 Gbps”, indicou Lopez.

A conexão do Estado de São Paulo com Miami, nos Estados Unidos, ocorre por meio de um ponto de troca de tráfego acadêmico localizado na capital paulista, nomeado de Southern Light, e o novo link de 10 Gbps no cabo submarino da empresa Latin American Nautilus.

“Deve-se destacar que o Southern Light é um dos dois únicos pontos de troca de tráfego de pesquisa no hemisfério Sul. O outro é conhecido como Southern Cross e se localiza na Austrália”, explicou o coordenador do Tidia.

Além disso, a expectativa é que a RNP adquira também outro link de 10 Gbps, para que o Southern Light passe a operar com capacidade total de 20 Gbps a partir do início de 2010. “Com a cooperação entre ANSP e RNP, os pesquisadores brasileiros poderão contar com uma banda de acesso às redes acadêmicas internacionais do mesmo nível das americanas e europeias”, destacou.

Segundo Lopez, com uma banda de 20 Gbps será possível participar de qualquer projeto internacional, como no processamento de dados a ser gerado pelo Large Hadron Collider (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, sem que seja necessário se preocupar com a banda disponível.

“O link de 10 Gbps que já está funcionando, no entanto, é importante porque oferece a capacidade necessária para todas as experiências e projetos que a comunidade científica do Estado de São Paulo necessita neste momento”, explica Lopez.

Em abril, a FAPESP enviou à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), que controla o LHC, um memorando de entendimento para formalizar a participação de pesquisadores paulistas no Worldwide LHC Computing Grid (WLCG), uma colaboração global que reúne mais de 140 centros de computação científica em 35 países.

O objetivo do WLCG é fornecer e manter a infraestrutura de análise e armazenamento de dados de toda a comunidade de física de altas energias que participa dos experimentos do LHC. O acordo entre FAPESP e Cern também envolve a Universidade Estadual Paulista (Unesp) por meio do Programa de Integração da Capacidade Computacional da Unesp, mais conhecido como GridUnesp, que foi lançado no dia 25 de setembro, em São Paulo.

Trata-se de um conjunto de clusters (aglomerados de computadores interconectados) formado por, além do núcleo principal instalado na capital paulista, estruturas paralelas em outros seis diferentes campi, nas cidades de Araraquara, Bauru, Botucatu, Ilha Solteira, Rio Claro e São José do Rio Preto. A conexão do GridUnesp entre os clusters no interior de São Paulo ocorre por meio da rede KyaTera.

Rede aberta a pesquisadores

A ANSP, por meio do Southern Light, também é membro do Global Lambda Integrated Facility (GLIF), que reúne redes acadêmicas com conexões de 10 Gbps, permitindo o acesso dos pesquisadores paulistas a todas as demais redes desse tipo no mundo para experimentos científicos e tecnológicos compartilhados.

A ANSP mantém ainda acordos de troca de tráfego com diversas outras redes de institutos de pesquisa dos Estados Unidos e de países da Europa, Ásia e Oceania, além de acordos especiais com três outras redes que são consideradas “irmãs” da ANSP e do Kyatera.

São elas a Florida Lambda Rail, a Cenic (Corporation for Education Network Initiatives in California, na sigla em inglês) e a C Wave. Esta última foi utilizada para fazer o percurso de Miami a Los Angeles pelo projeto KyaTera na primeira transmissão de cinema em superalta definição da América Latina para os Estados Unidos e Japão, realizada em 30 de julho na capital paulista.

Os recursos da rede ANSP são utilizados automaticamente sempre que uma rede de computadores é usada nas universidades do Estado de São Paulo. Para utilizar ou fazer parte da rede Kyatera, o pesquisador deve entrar em contato com o coordenador do projeto, professor Hugo Fragnito, do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pelo endereço http://kyatera.incubadora.fapesp.br/portal/contact-us.

FONTE: Agência FAPESP