segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Medição dos impactos das inovações tecnológicas

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – A pesquisadora da área de Biossegurança da Embrapa Meio Ambiente, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Jaguariúna (SP), Katia de Jesus-Hitzschky desenvolveu um novo método que permite a avaliação dos impactos de inovações tecnológicas em diversas áreas do conhecimento. A ferramenta foi disponibilizada gratuitamente na internet.

Trata-se do software Inova-Tec, que fornece informações de acordo com critérios definidos em sete dimensões, entre as quais “ambiental”, “social”, “econômica” e “desenvolvimento institucional”, nas quais os impactos da tecnologia podem ser percebidos e mensurados.

Segundo Katia, em linhas gerais, o sistema permite a análise do cenário no qual a tecnologia será introduzida e também do desempenho da inovação propriamente dita, por meio da análise dos indicadores de impacto com base em diferentes pesos, que são índices numéricos utilizados para a medição do impacto.

“O método apresenta 61 indicadores mais gerais, que são inseridos no contexto das sete dimensões, além de o avaliador poder utilizar indicadores mais representativos da tecnologia que será avaliada, possibilitado uma avaliação caso a caso”, disse ela à Agência FAPESP.

“Ele avalia o impacto real da introdução de uma tecnologia no mercado – como seu retorno financeiro, por exemplo – e também faz avaliações prospectivas de impactos potenciais”, conta.

Com isso, o pesquisador tem a possibilidade de monitorar quais são os indicadores que podem causar problemas em seus modelos de negócio e, consequentemente, tomar medidas específicas e focadas em cada dimensão.

“O software é bem inclusivo e mede o impacto de inovações em qualquer área do conhecimento. Ele já vem sendo utilizado na avaliação de programas e projetos da Embrapa”, explicou a pesquisadora, destacando que um estudo de caso voltado ao setor florestal desenvolvido pela instituição de pesquisa, que utilizou o método, teve seus resultados publicados no Journal of Technology Management & Innovation.

Os resultados das avaliações pelo método são apresentados no formato de gráficos, tabelas, relatórios e por meio de uma matriz que fornece a recomendação para o melhor gerenciamento do impacto da inovação. “Quanto maior o número de indicadores que o pesquisador inserir no sistema, maior será o nível de refinamento dos resultados”, disse Katia.

Antes de criar o software, alguns estudos de mercado foram realizados. A pesquisadora – que para definir os 61 indicadores do software entrevistou economistas, sociólogos e ambientalistas, entre outros profissionais – verificou que muitas tecnologias falharam simplesmente porque não era o momento mais adequado para inseri-las no mercado.

“Uma das vantagens do método é que ele avalia o cenário de mercado no qual a tecnologia será inserida, de modo a mostrar que ainda que as dimensões social e ambiental estejam favoráveis, por exemplo, a econômica pode estar mal avaliada e por isso precisa de ajustes para a redução de seus impactos”, disse.

O software permite ainda que, depois de consultar várias bases de dados na literatura de uma área do conhecimento, incluindo artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais, o pesquisador possa cruzar os dados no sistema e mensurar a qualidade de uma determinada tecnologia.

Segundo Katia, o sistema permite ainda um aprimoramento dos trabalhos científicos antes de eles serem apresentados às agências de fomento para a obtenção de financiamento. “Isso significa que o pesquisador pode avaliar seu trabalho antes da investigação mais refinada da agência, uma vez que o sistema fornece as recomendações de indicadores prioritários a serem melhorados”, disse.

Para ler o estudo Impact assessment system for technological innovation: inova-tec system, publicado no Journal of Technology Management & Innovation, clique aqui

Mais informações sobre o software Inova-Tec, que está disponível para uso livre no site da Embrapa Meio Ambiente:clique aqui

Fonte: Agência FAPESP

Por Thiago Romero

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