quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mesmo inseguras, jovens se encontrariam com amigo virtual

Por: Thais Sabino



Um levantamento realizado pela CPP Brasil (Parceria para a Proteção da Criança e do Adolescente) com a ONG Plan Brasil aponta que cerca de 80% das adolescentes brasileiras não se sentem seguras na internet. Apesar disso, o estudo apurou que 50% delas gostariam de se encontrar pessoalmente com alguém que tenham conhecido na internet.

O estudo faz parte da publicação "Fronteiras Digitais e Urbanas: Meninas em um ambiente em transformação", que mostra como as tecnologias de comunicação e informação têm potencializado o desenvolvimento de meninas e aponta os riscos enfrentados por elas no mundo digital.

A pesquisa mostrou que o uso das tecnologias da informação e comunicação está aumentando rapidamente entre os jovens. Entre 2005 e 2008 houve o maior aumento percentual de todos os setores da população, de 33,7% para 62,9%. Na internet, houve aumento de 75,3% no número de pessoas maiores de dez anos que se conectaram à rede nos últimos cinco anos. Mais pessoas passaram a ter celular, 54,9% a mais do que em 2005. Mais de 80% das meninas entrevistadas possuia telefone celular.

"As meninas ainda são aquelas que são menos privilegiadas, em questão de segurança, em relação aos meninos", afirmou o superintendente da Plan no Brasil, Moacir Bittencourt.

A adolescente A.L.B., 13 anos, passou por um problema de tentativa de abuso sexual. Ela contou que o namorado de sua prima já havia tentado tirar sua roupa quando ela visitava a prima. Porém, após a separação ele ligou para a adolescente, se passou por um amigo e marcou um encontro. "Quando cheguei lá, ele começou a abusar de mim, tirou a minha roupa e não me soltava", contou. A menina tentou informar a família, que "não acreditou na história", segundo ela.

A pesquisa aponta também que apenas um terço das meninas sabe como denunciar uma situação de perigo. Quase metade das meninas afirmou que os pais sabem que elas estão online. Porém, para a psicóloga e pesquisadora Silvia Losacco, "os pais precisam aprender a fazer a proteção, como fazer, porque mesmo que trabalhem com internet não sabem como lidar com os filhos que ficam sujeitos a isso". Ela sugere a troca de informações, em vez da repressão.

O método utilizado pelos pais de T.V., 13 anos, funcionam. "Eles trabalham com computador e instalaram um programa que grava todas as minhas conversas no MSN", disse a adolescente. Segundo ela, a mãe costuma ler as mensagens trocadas no comunicador e repreender quando discorda de algo.

Diante de qualquer sinal de abuso sexual pela internet, Bittencourt explica que a vítima pode denunciar pelo site da Polícia Federal ou pelo telefone pelo disque 100.

O problema, porém, não está concentrado no Brasil e acontece no mundo todo. De acordo com o consultor do IICDR, Michael Montgomery, "é um problema mundial e existe um silêncio em todos os países sobre este assunto".

Foram entrevistadas 400 adolescentes de diversos Estados através de uma pesquisa online e de grupos focais de discussão que contaram com a participação de 40 meninas de escolas públicas e privadas de São Paulo e Santo André. As entrevistadas afirmaram passar de uma a sete horas por dia conectadas.

Fonte: Terra

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