terça-feira, 15 de abril de 2008

Metodologia de coleta de dados

Por: Alex Antonio Bresciani

Este texto se refere à parte introdutória de nossa dissertação de Mestrado, na qual falávamos de nossa metodologia de coleta de dados para a pesquisa empírica, a qual foi aprovada pela banca, e que gostaríamos de disponibilizar para os colegas.
Uma das propostas em nosso projeto era a coleta de dados por meio de entrevistas junto aos usuários de jogos em rede, de preferência o público jovem. Inicialmente essa coleta seria feita de modo “tradicional”, isto é, indo até um lócus – Lan House –, e aplicar o questionário.
Entretanto, com o desenvolvimento da análise bibliográfica nos deparamos com outra forma de coleta de dados: a online. Esse método se mostrou bastante positivo na pesquisa de Prado (1998), a qual a aplicou por meio de e-mail ao seu publico alvo. Nessa mesma pesquisa, ela aponta uma série de outros pesquisadores – de fora do país – que se mostraram satisfeitos com o alcance o os resultados dessa forma de aplicação.
Optamos, portanto por este método, pois além dele ser até mais coerente com o que pesquisamos, isto é, a realização de atividade em rede mediadas pelo computador, percebemos que poderíamos ir além (geograficamente) do que antes pretendíamos. Inicialmente, a pesquisa seria centrada, como dissemos, em Lan Houses na cidade de Marília, e possivelmente em um Grande centro como São Paulo. Em tese, isso nos daria um resultado mais heterogêneo, do que se ficássemos apenas com os dados coletados na cidade de Marília. A mesma lógica se aplicava ao questionário online, pois com ele poderíamos abranger todo o território nacional – e até internacional se fosse o caso –, obtendo um perfil mais próximo do padrão nacional, e não apenas circunscrito a uma região especifica.
Desse modo, partimos para a seguinte estratégia: criar uma homepage (desativada no final de 2007) disponibilizando o formulário para download, além de uma breve explicação sobre nossos objetivos.
Feito isso, iniciamos os convites para a participação nas pesquisas. Durante o mês de março 2006, semanalmente, passamos a postar em fóruns de games mensagens desse tipo: “Olá Pessoal, sou aluno do Curso de Mestrado em Ciências Sociais pela Unesp e, para conclusão do curso preciso fazer uma pesquisa.
Meu tema são os jogos em rede. Quem puder ajudar, por favor, entre no link abaixo e copie o questionário e o devolva preenchido no e-mail que está no mesmo arquivo. Caso já tenha respondido, Desconsidere. Obrigado!”.
Os fóruns escolhidos foram os de grande rotatividade, como o IG, o Terra, O Uol. Nesses fóruns a diversidade de usuário era grande, o que, em tese, seria melhor que aplicarmos em fóruns menores, ou dedicados a apenas um só jogo, o que poderia viciar algumas respostas.
Mas, tivemos um problema com esse método de coleta. Quando você faz um post , ele é exibido no fórum, ficando no topo das mensagens postadas naquele fórum (podendo chegar à centenas dependendo do fórum). Quando alguém responde a algum outro post, isto é, no espaço reservado para o texto, ele é automaticamente colocado para o topo da lista, perdendo seu lugar para outros posts respondidos ou para novos post como o nosso.
O problema foi que nosso post não foi criado para ser organizar para receber mensagens ou respostas, servindo apenas para servir de ponte para as pessoas conseguirem copiar o arquivo. Desse modo, conforme outros posts iam aparecendo, eles tomavam o lugar no topo da lista de modo que o nosso ia sendo sobreposto por eles, até que ele não figurasse mais na página principal daquele fórum, ficando cada vez mais distante das mensagens recentes. Ele só seria acessado, caso alguém estivesse procurando por algo nas muitas mensagens do fórum e se interessasse em respondê-lo ao encontrá-lo.
Uma saída poderia ser postá-lo diariamente, de modo que sempre que alguém acessasse a página inicial do fórum, encontrasse nossa mensagem entre as primeiras. Entretanto, os fóruns têm um “mecanismo de defesa” contra spam , que o poderia considerar como tal, inviabilizaria tal ação.
Apesar de obtermos alguns resultados com o método acima, mas temendo uma possível demora na obtenção de dados, partimos para outra estratégia online: o Uso do Orkut. O Orkut permite que participemos de comunidades e de que possamos nos comunicar com os outros usuários. Essa comunicação se dá de duas formas: ou pelo fórum interno da comunidade ou, quando permitido pelo criador da comunidade, o envio de e-mail para todos os membros participantes da comunidade. Quando isso acontece, cada usuário recebe uma mensagem na caixa postal de seu Orkut pessoal.
Por meio de um mecanismo de busca interno por comunidades, realizamos uma procura por comunidades que tivessem em seus títulos as palavras games, jogos, videogames, online. Um número enorme de comunidades apareceu, muitas das quais nos filiamos, sobretudo aquelas que de alguma forma abrangesse uma população heterogênea. Por isso, ignoramos comunidades destinadas à certos jogos ou tipos de jogos específicos, ou comunidades destinadas à determinadas Lan Houses, o que poderia dirigir de algum modo as respostas.
Por isso escolhemos comunidades como: “sou viciado em games online”, “portal dos games”, “eu amo jogos”, “eu amo games”, “games clássicos”, “todos os games”, entre outras. Assim, ficamos membros de mais de 40 comunidades, as quais tinham entre 50 participantes e mais de 4000. Muitas delas permitiam o envio de e-mail interno, e outras não; nesses casos, postamos no fórum interno da comunidade.
Uma dificuldade que acreditamos ser inerente ao Orkut (e a qualquer tipo de comunidade seja online ou não), é que muitas vezes os usuários se filiam apenas com o objetivo de encontrar a solução para um determinado tema, deixando em muitos casos de participar mais ativamente da comunidade.
Além disso, outro problema deste método é que ele depende exclusivamente da vontade do usuário em participar. E, pelo fato da pesquisa não ser presencial, é mais fácil dizer não à nossa solicitação do que se ele fosse abordado pessoalmente.
Mesmo assim, de modo geral recebemos muitas respostas, acreditando que, considerando em futuras pesquisas os problemas encontrados, poderemos obter melhores resultados.

Bibliografia

Bresciani, Aelx, A. Sociedade em rede. Faces virtuais da ideologia capitalista do século XXI. Dissertação de mestrado apresentada junto ao programa de pós-graduação em Ciências SOciais da FFC- Unesp campusde Marília. Disponível em> http://dominiopublico.mec.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=18766.
Acesso em abril 2007.

PRADO, Oliver Z. Pesquisa Internet e Comportamento: Um estudo Exploratório
sobre as características de uso da Internet, uso patológico e sobre a pesquisa on-line. NETPESQUISA, 1998. Disponível em: http://www.netpesquisa.com .Acesso em:10 dez. 2004.

2 comentários:

Sebastião Merlen disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sebastião Merlen disse...

Gostei da publicação.
Estou a terminar a licenciatura em Ensino da Sociologia. Estou a escrever sobre a interacção nas redes sociais. Estas sugestões ser-me-ão importantes para a colecta de dados.
Grato, pelo contributo.